Guerra fiscal entre EUA e China abre caminho para a valorização da moda sustentável no Brasil

Feira do Horto Florestal em Campo Grande MS, Moda Sustentável, Brechó

Em 2025, o mundo voltou os olhos para a escalada da guerra fiscal entre Estados Unidos e China. Com tarifas altíssimas de importação, retaliações e instabilidade nos mercados, o impacto vai muito além das fronteiras dessas potências. No Brasil, o cenário abre espaço para algo que vem ganhando força há anos: a moda sustentável e circular.

Enquanto grandes marcas internacionais enfrentam entraves logísticos e aumento de custos, cresce o interesse por alternativas locais, criativas e conscientes. É nesse contexto que brechós, pequenos ateliês, coletivos e empreendedores da moda sustentável ganham relevância.

📦 Crise para uns, oportunidade para outros

Com a alta do dólar e o encarecimento de insumos importados, o modelo de produção globalizado — que depende de longas cadeias de fornecimento — fica ameaçado. Muitas marcas de fast fashion compram grandes volumes de roupas prontas da China e de outros países asiáticos. Com as novas tarifas, esse modelo se torna mais caro e instável.

Por outro lado, marcas sustentáveis, que já operam com cadeias curtas, mão de obra local e matéria-prima regionalizada, mostram que é possível fazer moda com responsabilidade e resiliência.

“Em tempos de crise global, o consumo com propósito deixa de ser nicho e passa a ser alternativa viável. Quem já trabalha com moda circular está um passo à frente”, comenta Val Reis, cofundadora do Coletivo de Brechós.

🧵 A moda feita no Brasil ganha visibilidade

A produção local se fortalece. Consumidores que antes buscavam o “barato e rápido” agora enfrentam preços mais altos e prazos de entrega mais longos nos sites internacionais. Isso faz com que busquem soluções próximas — como brechós, feiras autorais e marcas independentes com responsabilidade ambiental.

Além disso, cresce o desejo por peças únicas, duráveis e com história — algo que o universo dos brechós oferece com autenticidade.

🔁 Economia circular em alta

Com menos acesso a produtos importados e uma consciência cada vez maior sobre o impacto da moda, o brasileiro começa a adotar práticas que antes pareciam distantes: trocar, reutilizar, consertar, personalizar. A moda circular não só reduz o desperdício, como também movimenta a economia local e fortalece redes comunitárias, como o próprio Coletivo de Brechós.

“Enquanto lá fora se discute quem taxa quem, aqui a gente movimenta o guarda-roupa com propósito e criatividade. A moda sustentável não é só tendência — é uma resposta direta a esse mundo em transformação”, completa Val.